sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um Ministério Bem–Sucedido

Um Ministério Bem–Sucedido

Marcos Basílio de Oliveira

Rio de janeiro
2005

Introdução
O que é vocação? Como se dá o chamado? Quais
são as principais motivações ministeriais? Que ministé-
rios Deus confiou à Sua Igreja? Qual o perigo de deso-
bedecer ao chamado divino? E o de ter um ministério
não aprovado por Deus? Como o Senhor capacita seus
ministros para a obra? Como superar os obstáculos e ter
um ministério bem-sucedido aos olhos de Deus?

A partir do exemplo de homem notáveis do
antigo e do Novo Testamento, em especial Jeremias,
analisamos o que significa servir a Deus através de um
ministério e como superar os obstáculos e as oposi-
coes, para ser bem-sucedido aos olhos de Deus.

Jeremias era filho de Hilquias, um dos sacerdotes
que estavam em Anatote, uma cidade a cerca de cinco
quilômetros de Jerusalém. Jeremias tinha linhagem
sacerdotal, mas, conforme a revelação divina, foi
designado para ser profeta antes de seu nascimento
(Jr 1.5). Este chamado, que se deu em uma espécie
de “dialogo interior” entre ele e Deus, imprimiu na
Consciência do jovem a certeza de uma vocação vi-
talícia para o serviço comissionado.

Se, para Isaías, o Senhor apareceu em visão com
imponente esplendor e majestade, assentado sobre
um alto e sublime trono, e consagrou-o profeta após
um de Seus serafins tocar-lhe os lábioscom uma bra-
as viva do altar para purificá-lo (Is 6.1-8), para Jere-
mias, Deus se revelou de modo mais simples, porém
mais intimo. Através de Sua inconfundível voz, o
Eterno falou ao coração de Jeremias, mostrando que
o conhecia no profundo e que, desde o ventre ma-
terno, ele fora separado para ser profeta. Isto indicava
a autoridade e a importância da missão dele.

Jeremias iniciou seu ministério numa época em
que Judá desfrutava as reformas do rei Josias. Deus o
constituíra profeta às nações no décimo terceiro ano
desse reinado (Jr 1.5). aproximadamente em 626 a.C.,
ele foi colocado como um “porta-voz” de Deus para
anunciar o julgamento das nações.

Após a morte do rei Josias, Jeremias sofreu cru-
éis oposições a seu ministério. Inicialmente, foi
proibido de ir ao palácio e ao templo; tempos depois,
foi espancado e preso ( Jr 1.18-23; 12.6; 18.18; 20.1-3;
26.1-24; 37.11 ---38.28). o rei Jeoaquim destruiu os
pergaminhos com as profecias de Jeremias (depois
elas foram reescritas), e o rei Zedequias permitiu que
nobres nacionalistas sentenciassem o profeta à pri-
são, posteriormente reduzindo a pena.

Quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém, em
586 a.C., Jeremias foi liberto e preferiu permanecer
na cidade, mas foi levado para o Egito por um grupo
de judeu que não desejavam submeter-se a Nabuco-
donosor. Este grupo foi punido na invasão do Egito
pelo exército babilônico, mas Jeremias não sofreu
qualquer represália (Jr 43.1---44.30). Ele continuou
a profetizar por mais alguns anos e, depois de cum-
prido integralmente seu ministério, faleceu.

O profeta Jeremias pode não ter tido muito su-
cesso junto aos homens, mas seu ministério foi tão
bem-sucedido aos olhos de Deus que Ele o honrou,
guardando-lhe a vida, cumprindo muitas de suas
profecias quando ele ainda estava vivo, permitindo
que suas revelações proféticas ficassem registradas
em 52 capítulos das Escrituras Sagradas e que o Mês-
sias fosse identificado com o profeta (Mt 16.14).

Você se identifica com Jeremias? Você é um pas-
tor, um evangelista, um líder, um profeta enviado
por Deus para uma missão difícil? Há quanto tempo
você está no ministério? Qual tem sido a reação do
povo ao seu trabalho? Tem sido inferior ao que você
desejava, ao que orava e esperava? Comparando-se
a outros obreiros, você se sente fracassado? Que tipo
de aprovação deseja?

Vejamos o que determina um ministério bem-
secedido. Creio, ao ler este livro, você encon-
trará respostas de Deus para essas e muitas outras
perguntas que inquietam seu coração.

1
A vocação
ministerial

Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem
a narração dos fatos que entre nós se cumpriram,
segundo nos transmitiram os mesmos que os pré-
senciaram desde o principio e foram ministros da
palavra.

Lucas 1.1,2

O que é vocação?
Existem palavras comuns no vocabulário dos
servos de Deus que ninguém se preocupa em anali-
sar e explicar para os irmãos na fé. Uma dessas pala-
vras é vocação. Afinal, o que é ter vocação ou estar
vocacionado para algo?
Segundo um dos mais conhecidos dicionários de
língua portuguesa, o termo vocação designa o ato
de chamar, de fazer uma escolha; predestinação,
tendência, talento, aptidão. Sendo assim, em senti-
do lato, a vocação é um chamado que a pessoa tem
para exercer uma função de acordo com os seus dons
naturais; em sentido eclesiástico, vocação é o cha-
mado divino para o homem exercer um ministério
para a edificação do Corpo de Cristo.
A certeza do chamado
Como constatamos no Antigo e no Novo Tes-
tamento, vários servos de Deus mostraram-se convictos
quanto à sua vocação e obedeceram prontamente ao
chamado divino, alcançando as promessas. Assim
foi com Abraão, vocacionado para ser o pai da nação
de Israel (Gn 12.1-4); com Moisés, comissionado
a libertar os israelitas do cativeiro egípcio e ensi-
nar-lhes as leis divinas (Êx 3.7-10; 19;20); com
Israel eleita para ser nação santa, reino sacerdotal
(Êx 19.6); com Josué, designado para liderar Israel na
posse da Terra Prometida (Nm 27.18-20;Js1.1-9); com
Davi, ungido para ser rei de Israel (1Sm 16.1,12,13),
com Samuel ( 1 Sm 3.2-21), Isaias (Is 6.1-13)
Jeremias (Jr 1.1-10), Ezequiel (Ez2.1-10), Oséias
(Os 1.2), Jonas (Jn 1.1), João Batista (Lc 1.13-17),
chamados para serem porta-vozes de Deus; com os
discípulos de Jesus (Lc 6.12-16; 10.1-20; Mc 16.14-18),
incumbidos de pregar o evangelho e fazer novos
discípulos. Todos esses conheciam a Deus, foram
chamados e orientados por Ele para cumprirem a
missão que lhes foi designada.

A convicção de quem é Deus e de que foi Ele
quem chamou para o ministério traz fé, confiança e
perseverança ao obreiro mesmo diante das maiores
dificuldades; faz com que o servo de Deus vença os
obstáculos considerados insuperáveis pela capacidade
humana.

Que outra coisa além de convicção explicaria
a firmeza de Moisés diante de tantos problemas
e tantas rebeliões a seu ministério (Êx 3.11; 5.1,2;
14.10-22; 15.22-27; 16.3; 17.1-4; 32.1-10; Nm 11.4;
12.1-16; 14.1-9; 16.1-19; 20.1-5, 12; 25.1-5;), justifi-
caria a perseverança do profeta Jeremias e do apostolo
Paulo em servir a Deus após tantas perseguições,
prisões, açoites (Jr 18.18; 20.2; 26.8,9; 32.;
At 14.19,22;2 Co 11.23-30), garantiria a determinação
do profeta Elias ( 1 Rs 17.1-3) e a de tantos outros
crentes anônimos, que, diante de tantos obstáculos e
oposições, dera, um testemunho poderoso de sua fé
(Hb 11.33-34)?

Todos esses servos de Deus da antiguidade tive-
ram certeza plena de seu chamado e trabalharam na
obra do Senhor. Nós também devemos ter a mesma
certeza que eles tiveram quanto ao chamado divino
e cumprir nossa missão, a fim de que o nome de Se-
nhor seja glorificado.

As motivações ministeriais
Existem alguns fatores, combinados ou não, que
podem influenciar-nos quanto à escolha ministerial,
entre os principais, destacamos: a tradição familiar,
a formação acadêmica, o desejo de reconhecimento
profissional e a paixão ministerial.

1 . A tradição familiar

Sem duvida, é uma alegria para um pai que é
ministro do evangelho ouvir seu filho confessar que
ele também almeja o episcopado. Mas é importante
lembrar que, a despeito de, no Antigo Testamento,
os filhos de Arão e de Levi terem sido separados
para servir no santuário, no Novo Testamento, os
discípulos de Jesus não foram escolhidos por ques-
tões genealógicas; o chamado foi de acordo com as
características individuas e com os propósitos
divinos (Mt 10.2,3; At 6.1-7; 13.13).

não existe vocação baseada em fatores genea-
lógicos. O chamado divino se dá no plano individual.
por exemplo, quando Deus escolheu Amós como pro-
feta não considerou a ascendência de seu servo nem a
ocupação profissional dele. O próprio Amós observou:

eu não era profeta, nem filho de profeta, mas
boieiro, e cultivador de sicômoros Senhor. Mas o
senhor me tirou de após o gado, e me disse: vai,
profetiza ao meu povo Israel.

Amós 7.14,15

Quando Deus quer chamar alguém para algo
especial, atenta, sobretudo, para o coração de tal
pessoa ( 1 Sm 2.35; 16.1,7; Jr 3.15), pois é Ele mesmo
quem o forma (Sl 33.15), desde então preparando
cada um para sua vocação.

2 . A formação teológica

O preparo teológico é de suma importância
para a vida do obreiro, mas ninguém deve ser consa-
grado a pastor, evangelista ou missionário só porque
tem um diploma em teologia. alem de conhecer a
palavra de deus, é preciso que a chamada divina
seja confirmada pelo espírito santo, que a pessoa
tenha tido experiência com deus e que ela dê bom
testemunho de sua fé.

O apóstolo Paulo era um israelita; como fariseu,
um erudito e profundo conhecedor das Escrituras,
um doutor de lei (Ef 3.5-9), no entanto, deixou sua
posição na sinagoga, porque foi chamado por Deus
para anunciar o evangelho aos gentios (At 9.1-16).
logo após sua conversão, Paulo deu vários testemu-
nhos de que Jesus é o Messias (At 9.20-30), mas só
deu inicio à sua primeira viagem missionária após
o Espirito Santo enviá-lo com Barnabé com tal
incumbência (At 13.1-5; Gl 1.15-2.1).

3 . O sucesso profissional

Alguns consideram que sua falta de reconhe-
cimento no trabalho secular é um indicio de seu
Chamado para o ministério eclesiástico. Pensam que
seu baixo desempenho profissional é uma forma de
deus pressioná-lo a atender ao chamado ministerial.
mas o Senhor não deseja o fracasso de ninguém,
Ele deseja que seu povo seja bem-sucedido em tudo
(Dt 28.1-14). Sua palavra diz: O SENHOR, que
ama a prosperidade do seu servo, seja engrandecido
(Sl 35.27).


Embora Deus respeite nossas escolhas, a vocação
ministerial não se dá meramente por causa de nossa
vontade e nosso talento; ela depende do chamado
e da capacitação divina. Não é uma carreira pro-
fissional, algo que a pessoa abrace para sua própria
satisfação e gloria. O principal alvo de um ministro
que esteja a serviço de Deus é a salvação das almas.
para isto, o obreiro deve ser alguém que tenha com-
vicção de sua chamada e coragem para dizer como o
apóstolo Paulo:


porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que
me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai
de mim se não anunciar o evangelho!

1 Coríntios 9.16


Eu, de muita boa vontade, gastarei e me deixarei
gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos
cada vez mais, seja menos amado.

2 Coríntios 12.15


4 . Paixão ministerial
Não podemos confundir o chamado de Deus
com a nossa vontade de servi-lo do nosso modo.
muitos se esforçam para abraçar um ministério sem
terem sido chamados pelo Senhor. Esta paixão pode
conduzir a inúmeras frustrações, uma vez que as di-
ficuldades inerentes logo dissipam todas as ilusões
quanto às glorias pessoas no ministério (Lc 21.12;
Jo 15.20; 2 Co 7.5; 11.16-29; 2 Tm 1.15-17; 4.3)


Assim, antes que alguém se veja impelido a abra-
çar um ministério, deve perguntar a si mesmo: Qual
a minha motivação para dedicar-me à obra de Deus,
ingressando como líder ou liderado em algum depar-
tamento da igreja? Desejo realmente atender ao cha-
mado divino ou quero satisfazer um desejo pessoal ou
de minha família? Vejo o ministério como vocação
ou como profissão, um meio de vida? Estou interessa-
do na salvação das almas ou na forma, no prestigio e
no dinheiro que poderei obter com a posição? Se as
motivações forem erradas ou o ministério for fruto do
desejo humano, não do chamado divino, a benção de
Deus jamais repousará sobre tal pessoa.


O ministério cristão exige vocação (chamado
divino + aptidão) e a motivação correta (amor por
Deus e pelo próximo), a fim de que a pessoa consiga
suportar todas as pressões inerentes e cumprir o pro-
pósito divino.

Um serviço motivado pelo dinheiro, pelo pres-
tígio, pelo poder e/ou pelas carências emocionais da
Pessoa poderá até ser aceito e usado por Deus para
Ele libertar, salvar e curar vidas que necessitam ou-
vir as boas novas de salvação, mas tal ministério não
terá a mesma qualidade que tem o daquele obreiro
que foi chamado e preparado por Deus, e não produ-
zirá a realização pessoal. Por isto, aqui vai aqui um
conselho: examine suas motivações! Tenha certeza
de que Deus o chamou para o ministério, pois a uni-
ca razão para alguém estar num ministério é Deus o
ter chamado!

O Pastor Roberto Inácio, em uma entrevista à
Revista Obreiro, declarou:

Há uma corrida ao ministerio como se (isto) fosse
algo humano, e não divino. Infelizmente, muitos têm
entrado por este caminho. Não têm aptidão, talento,
escolha ou chamada divina, e prejudicam os verda-
deiros vocacionados. No desejo de pertencerem à
classe ministerial, todos andam de carteirinha, o que
não identifica quem são os verdadeiros vocacionados
no Reino de Deus. (Obreiro, Set/1999,p. 45,47)


mas, afinal, é errado desejar o ministério ecle-
siástico? O apostolo Paulo disse: Se alguém deseja o
episcopado, excelente obra deseja ( 1 Tm 3.1), e listou
as exigências para tal ministério. Logo, desejar ser
um obreiro, um pastor, evangelista ou um mestre
não é pecado. Então, onde está o erro? Está justa-
mente em querer ocupar um lugar, uma posição de
liderança na obra de Deus sem ter sido chamado por
Deus para tal.


O perigo de um ministério não
Aprovado por Deus

O Senhor manifestou Seu caráter e Seu poder
ao povo por meio das leis cerimônias, civis e penais
que instituíra e por intermédio dos lideres que esco-
lhera para libertar Seu povo do cativeiro e ensiná-lo
a obedecer a Seus estatutos. Quem desobedecesse às
leis divinas ou a esses ministros estaria os israeli-
tas com mão forte e que os organizara como nação.

No Antigo Testamento, o castigo era severo para
quem desobedecesse à lei, ousasse insurgir-se contra
alguém investido da autoridade divina e/ou delibe-
radamente tocasse em coisas consagradas a Deus;
a pena era a morte.

Em Levítico 10.1, vemos que a punição de NA-
dabe e Abiú, os filhos de Arão que deitaram fogo
estranho sobre o incensário sagrado, foi a morte.

Em Números 16.1-40, somos informados de que
o Levita Coré, motivado pela inveja, cobiçou o lugar
de Arão, provocando uma rebelião em Israel contra
a autoridade de Moisés. Deus puniu Coré e todos os
que o seguiram com a morte, provando que Moisés e
Arão eram os lideres por Ele escolhidos.

Em 1 Samuel, vemos como Deus puniu o sa-
cerdote Eli e toda sua descendência por causa da ma-
neira leviana e pecaminosa como Hofni e Finéias
tratavam o sacerdócio ( 1 Sm 2.12-17, 22-36; 4), e
como rejeitou Saul como rei de Israel porque ele
desobedeceu à orientação divina, dada pelo profeta
Samuel, e ofereceu sacrificio, uma tarefa sacerdotal
( 1 Sm 13.8-14).

No Novo Testamento, também vemos um epi-
sódio que ilustra a importância da aprovação di-
vina do ministério, sem a qual não há autoridade.
Os sete filhos de Ceva, um dos principais sacerdotes da
sinagoga, tendo visto as maravilhas que Deus ope-
rara por intermédio de Paulo em Éfeso, tentaram
usar o nome de Jesus para libertar pessoas possessas,
mas o espírito maligno que estava em um endemo-
ninhado, não reconhecendo a autoridade daqueles
homens, disse:


Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas
vós, quem sois? E, saltando neles o homem que ti-
nha o espírito maligno e assenhoreando-se de dois,
pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e
feridos, fugiram daquela casa.

Atos 19.15,16
Isso nos ensina que todo o mundo espiritual sabe
discernir quem realmente serve a Deus e quem não
o faz, quem está revestido da autoridade divina e
quem não está.

Quando estava ensinando a Seus discípulos,
Jesus os alertou que muitos milagres seriam opera-
dos em Seu nome, mas que eles deveriam julgar os
que se diziam profetas pelo fruto que produziam,
pelo testemunho de vida deles, e não pelos sinais e
pelas maravilhas que, porventura, pudessem operar,
porque, no dia de juízo, muitos lhe dirão: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu
nome, não expulsamos demônios ? E, em teu nome, não
fizemos muitas maravilhas? (Mt 7.22) contudo, Ele
lhes responderá: Nunca vos conheci; apartai-vos de
mim, vós que praticais a iniqüidade (v.23).
O apóstolo Paulo, sob a orientação do Espírito
santo, diversas vezes instou para que os cristãos
tivessem cuidados com os falsos apóstolos e os obrei-
ros fraudulentos ( 2 Co 11.13-15).

Após tantos exemplos e ensinamentos bíblicos,
somos levados a concluir o mesmo que Paulo: Cada
um fique na vocação em que foi chamado ( 1 Co 7.20).

A capacitação dos obreiros

Como vimos, compete a Deus chamar Seus servos
para um determinado ministério (Rm 1.1; 2 Co 1.1),
bem como dar-lhes os dons necessários (Rm 12.6-8;
1 Co 12.28-31; Ef 4.7,8,11,12) e enviá-los em
missão (Mt 9.38 – 10.7; 28.19; At 8.26; 13.2,4; 16.6).

pelos exemplos na Bíblia, constatamos que Deus
chama Seus servos para o ministério independente
do merecimento e da capacidade deles. O Senhor
escolhe quem quer! Em Sua soberania, elege Seus
servos para um determinado ministério conforme os
seus múltiplos propósitos ! Deus separa pessoas dife-
rentes para trabalhar em Sua seara.

Os discípulos de Jesus tinham temperamentos
e habilidades diversos. Uns eram mais introverti-
dos, como Natanael; outros, mais extrovertidos e
com capacidade de liderança, como Pedro e Paulo.
Alguns, inicialmente, eram irascíveis, como Tiago e
João, que foram apelidados de Boanerges, filhos do
trovão (Mc 3.17); Tomé era mais cético (Jo 20.27).

Primeiro, Deus escolhe as pessoas; depois, traba-
lha na vida delas, para que seja manifestada ao mundo
sua salvação e Seu poder transformador, e outros
também alcancem a vida abundante que Jesus nos
promete (Jo 10.10).

O Senhor escolhe pessoas como eu e você para
Sua grande obra! Mas Sua chamada tem sempre
um caráter de pacto, de aliança. Ele se compromete
conosco e exige nosso comprometimento total com
Ele (Dt 28; Js 24.15). Deus nos salva, capacita para a
obra e nos envia a realizá-la, visto que não podemos
fazer isto por nós mesmos (2 Co 3.5).

Quando o Senhor nos chama, temos de aten-
der, sabendo que, embora sejamos pecadores, Ele vai
perdoar e purificar-nos de toda iniqüidade (Is 6.5-7;
Zc 3.1-7; Jo 1.7); embora sejamos pequenos e fra-
cós, Ele nos capacitará para a grande obra (Jl 3.10;
2 Co 12.10); embora em alguns momentos nossa fé
se esfrie, Ele a reacenderá (Lc 24.32). mas cabe a nós
aceitar Seu chamado e obedecer às Suas instruções,
a fim de sermos justificados, santificados e inflama-
dos pelo Espírito Santo para pregar Sua mensagem.

Deus não erra jamais! Quando Jesus comissionou
Seus discípulos a preparem o Evangelho por todo
o mundo, sabia de antemão que estava enviando
homens e mulheres fracos, carentes de Sua graça
e misericórdia. Ele focou o poder e a fidelidade do
Deus que não pode negar a si mesmo (2 Tm 2.13),
não os desafios e limitações humanas. Como Deus,
sabia que quem escolhe, garante o sucesso da missão!



Deus está mais interessado em nossa disponibili-
dade ao chamado que nos fez e em nossa obediência
à Palavra e à orientação dEle do que na capacidade
e nos recursos que porventura tenhamos. Será que,
depois de ter certeza de sua vocação, você também
poderá dizer como o profeta Isaias: Eis-me aqui,
Senhor; envia-me a mim (Is 6.5-8)?

















































































2

A ordem
para exercer
o ministério



Assim veio a mim a palavra do SENHOR,
dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu
te conheci; e, antes que saísses da madre, te san-
tifiquei e às nações te dei por profeta. Então, disse
eu: Ah! Senhor JOEVÀ! Eis que não sei falar;
porque sou uma criança. Mas o SENHOR me
disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque,
aonde quer que eu te enviar, iras; e tudo quanto te
mandar dirás. Não temas diante deles, porque eu
sou contigo para te livrar, diz o SENHOR.

E estendeu o SENHOR a Mao, tocou-me na boca
e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas
palavras na tua boca. Olha, ponho-te neste dia
Sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares,
e para derribares, e para destruíres, e para arrui-
nares; e também para edificares e para plantares.
Jeremias 1.4-10


O texto bíblico acima é bastante significativo.
Antes de colocar Sua Mao sobre a boca de Jeremias
para transmitir-lhes Sua palavras e de enviar Seu
servo como profeta às nações, Deus revelou que o
conhecia antes de ele ser gerado e que o escolhera
antes de seu nascimento.

A despeito de ser informado quanto à sua elei-
cão, ao vislumbrar a enorme responsabilidade de sua
vocação, Jeremias não se sentiu envaidecido, pois
sabia que era incapaz de realizar por si mesmo a tarefa
e que sofreria uma dura oposição. Ele tentou esqui-
var-se, alegando que era jovem e inexperiente demais
para ser reconhecido como porta-voz de Deus, mas o
Senhor imediatamente lhe corrigiu a visão:

Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde
quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te man-
dar dirás. Não temas diante deles, porque eu sou
contigo para te livrar, diz o SENHOR.

Jeremias 1.7,8

Essa repreensão aponta para a soberania de Deus
em escolher quem lhe apraz, Sua autoridade sobre
Jeremias e sobre tudo que criou, Seu poder para
capacitar o homem, a fim de que realize a obra que
lhe foi confiada.

Após confirmar a vocação de Jeremias, o Senhor
o exortou a proclamar Sua Palavra com firmeza e
destemor, pois Ele mesmo o protegeria dos ouvin-
tes rebeldes e hostis. Jeremias seria um instrumento
poderoso nas mãos de Deus:

Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-
lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes
diante deles, porque eu farei com que não temas
na sua presença. Porque eis que te ponho hoje por
cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros
de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de
Judá, e contra o povo da terra. E pelejarão
contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque
eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar.

Jeremias 1.18,19

O profeta seria enviado para denunciar os pe-
cados de Judá e anunciar o juízo. Haveria seca.
fome, cerco. Jerusalém seria invadida pelos inimigos,
e os principais lideres seriam levados cativos para a
Babilônia (Jr 2.1-25.38; 34.1-39.10; 52.1-34). Mas
depois de purificado o pecado de Israel e de Judá, o
Senhor puniria os inimigos de Seu povo e permitiria
que os judeus remanescentes voltassem e recons-
truissem Jerusalém (Jr 29.1-33.26; 46.1-51.64).
Jeremias constataria que verdadeiramente foi posto
pelo Senhor sobre as nações para arrancar, derribar
mas também para plantar e edificar (Jr 1.10; 45.4,5).

Por causa de sua missão, Jeremias sofreu muito.
Sofreu por causa do destino de seu povo e porque,
mesmo tendo falado a verdade e pregoado o arre-
pendimento, foi rejeitado, caluniado, preso, ferido
e, depois, levado para o Egito contra a orientação
do Senhor (Jr 20.1,2; 26.1-24; 28.1-17; 36.6-24;
37.1-8.28; 39.1.10; 43.1-7). o profeta sofreu tanto
que , como Jó, amaldiçoou o dia de seu nascimento
e lamentou com Deus sobre sua sorte (9.1-8; 11.18-
23; 10.19-25; 12.1-4; 20.15-18; 18.19-23); Jere-
mias chegou a pensar em desistir de seu ministério
(15.10-16.9), mas foi reanimado pelo Senhor, que o
fez prevalecer sobre todos os seus inimigos.

Jeremias nunca deixou de crer que Deus era po-
deroso para guardá-lo como prometera (Jr 20.11-13;
31.11; 32.11-22;39,17,18;46.27,28). Sua fé foi hon-
rada pelo Senhor, que não deixou que ceifassem a
vida de Seu servo nem que qualquer profecia anun-
ciada por ele caísse por terra (Jr 52).

A chamada é definitiva


Como vimos na história de Jeremias, primeiro ele
foi chamado por Deus para ser profeta e, só depois
de consagrar-se e receber os recursos necessários para
realizar a obra que o Senhor lhe ordenara, começou
seu ministério, tornando publica sua vocação.

Foi submetendo-se a Deus que Jeremias superou
as perseguições e os sofrimentos que marcaram seu
ministério.

Aquele que é chamado por Deus não deve im-
por condições para obedecer-lhe. Antes, deve agra-
descer-lhe o grande privilegio, como fez o apostolo
Paulo, que também tendo sofrido muitas oposições
e provações, venceu porque sabia em quem cria
(2 Tm 1.12). conhecia a Deus e tinha convicção
de que fora vocacionado por Ele para proclamar o
evangelho ao mundo.

Mas quando aprouve a Deus, que desde do ven-
Ter de minha mãe me separou, e me chamou pela
Sua graça, revelar seu filho em mim, para que o
Pregasse entre os gentios, não consultei nem carne
Nem sangue, nem tornei a Jerusalem, a ter com
Os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti
Para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.

Gálatas 1.15-17


E dou graças ao que me tem confortado, a Cris-
to Jesus, Senhor nosso, porque me teve por fiel,
pondo-me no ministério, a mim, que, dantes, fui
blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas Alcan-
cei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na
Incredulidade.

1 Timóteo 1.12,13



O perigo de desobedecer ao chamado

Como vimos, é muito perigoso abraçar um mi-
nistério sem o chamado divino, mas também é
Desastroso não dar ouvidos ao Senhor, recusando-se
a fazer a obra que Ele nos confiou. Vejamos alguns
exemplos bíblicos.

Lendo atentamente o livro de Jeremias, cons-
tatamos que, em determinado momento, o profeta
ficou desanimado com tantas lutas e oposições,
pensou em desistir de sua vocação profética.

Ilusdiste-me, ó SENHOR, e iludido fiquei; mais
forte foste do que eu e prevaleceste; sirvo de
escárnio todo o dia; cada um deles zomba de mim.
Porque, desde que falo, grito e clamo: violência
e destruição! Porque se tornou a palavra do
SENHOR um opróbrio para mim e um ludibrio
todo o dia. Então, disse eu: Não me lembrarei
dele e não falarei mais no seu nome; mas isso foi
no meu coração como fogo ardente, encerrado nos
meus ossos; e estou fatigado de sofrer e não posso.
Porque ouvi a murmuração de muitos: Há terror
de todos os lados! Denunciai, e o denunciaremos!
Todos os que têm paz comigo aguardam o meu
manquejar, dizendo: Bem pode ser que se deixe
persuadir; então, prevaleceremos contra ele e nos
vingaremos dele.

Jeremias 20.7-10


Jeremias se sentiu um “homem de rixa” e, em seu
coração, intentou parar de anunciar o mal sobre Judá.
Então, o Senhor interveio, revelando que, se ele não
lhe obedecesse, não lhe daria a prometida vitória



Sobre os inimigos, antes, permitiria que os bens de seu
servo também fossem saqueados e que ele fosse leva-
do cativo para a Babilônia com todos que o afligiam.

Ai de mim, minha mãe! Por que me deste à luz
homem de rixa e homem de contenda para toda a
terra? Nunca lhes emprestei com usura, nem eles
me emprestaram a mim com usura, e, todavia,
cada um deles me amaldiçoa.

Disse o SENHOR: Decerto que te fortalecerei para
bem e, no tempo da calamidade e no tempo da na-
gústia, farei que o inimigo te dirija súplicas. Pode
alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, ou o aço?
A tua fazenda e os teus tesouros entregarei sem preço
ao saque; e isso por todos os teus pecados, mesmo
em todos os teus limites. E levarei a ti com os teus
inimigos para a terra que não conheces; porque o
fogo se acendeu em minha ira e sobre vós arderá.

Jeremias 15.10-14

Ao saber quais seriam os resultados de sua deso-
bediência, Jeremias lembrou a Deus todas as afron-
tas que suportou por amor a Ele, confessou a dor que
lhe afligia e pediu clemência. O Eterno se compade-
ceu, mas condicionou a vitoria à obediência a Suas
instruções, lembrando a Jeremias quem era o Senhor.

Tu, ó SENHOR, o sabes; lembra-te de mim, e vi-
sita-me, e vinga-me dos meus perseguidores; não
me arrebates, por tua longanimidade; sabe que,
por amor de ti, tenho sofrido afronta. Achando-se

as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi
para mim o gozo e alegria do meu coração; porque
pelo teu nome me chamo, ó SENHOR, Deus dos
Exércitos. Nunca me assentei no congresso dos
zombadores, nem me regozijei; por me encheste de
indignação. Por que dura a minha dor continua-
mente, e a minha ferida me dói, não admite cura?
Serias tu para mim como ilusório ribeiro e como
águas inconstantes?

Portanto, assim diz o SENHOR: Se tu voltares,
então, te trarei, e estarás diante da minha face; e,
se apartares o precioso do vil, serás como a minha
boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu
para eles. E eu te porei contra este povo como for-
te muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não
prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para
te guardar, para te livrar deles, diz o SENHOR.
E arrebatar-te-ei da Mao dos malignos e livrar-te-ei
das mãos dos fortes.

Jeremias 15.15-21

O profeta Jonas foi alem da intenção de abandonar
seu ministério. Ele deliberadamente contrariou as
ordens de Deus de pregar o arrependimento em Nínive
ao tomar um navio em direção oposta, por julgar os
ninivitas indignos até da oportunidade de perdão.

O resultado da rebeldia do profeta foi desastroso!
Todos no navio sofreram as conseqüências, porque
Deus enviou um terrível vento e, para não naufra-
garem, eles foram obrigados a jogar no mar toda carga.
Então, lançaram sortes para saber por causa de quem
lhes sobreveio aquele infortúnio. Recaindo a sorte
sobre Jonas, este confessou sua origem e sua fuga.


O profeta foi lançado ao mar e engolido por um
grande peixe, permanecendo no “ventre do inferno”
por três dias até que se arrependesse e pedisse perdão
a Deus. Jonas foi, então, “vomitado em uma praia”
e recomissionado a ir a Nínive cumprir sua missão.
Ao fazê-lo, muitos se arrependeram e se humilha-
ram diante de Deus, que lhes poupou da destruição
(Jn 1.1-2.10).

As experiências de Jeremias e de Jonas nos en-
sinam que jamais devemos desprezar nossa vocação
ou descrer que Deus é poderoso para guardar-nos de
todo o mal e dar-nos Sua vitoria. Ele tem múltiplos
propósitos ao comissionarmos. Muitas vidas podem
ser salvas se simplesmente obedecermos a todas as
orientações divinas e confiarmos na providência
dAquele que nos chamou e nos capacitou para o
ministério!




Deus aplaca os temores de
Seis ministros

Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom âni-
mo; não pasmes, nem te espantes, porque o
SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer
que andares.

Josué 1.9

Como Jeremias teve a certeza não apenas de que
fora chamado por Deus, mas também de aprovação
divina de seu ministerio? Como o Senhor tratou os
temores de Seu servo? Como lhe sanou as duvidas?

Primeiro, vimos que o Eterno tomou a iniciativa
de revelar que conhecia o coração de Jeremias, por-
que Ele mesmo o formara no ventre de sua mãe,
com o propósito de dá-lo como profeta Seu às na-
cões. Depois constatamos que Deus, diversas vezes,
respondeu as inquietações do profeta, mostrando
que estava atento ao clamor dele e que entendia seus
medos, mas que estes eram infundados, porque,
sendo Ele o Criador, o Deus Todo-poderoso, era com
Seu servo para o livrar de todos os inimigos e perigos.
E, por fim, Deus deu vitoria a Jeremias e cumpriu
tudo que havia sido anunciado através dele.


Nesse momento, Deus pode estar usando este livro
para dizer a você: “Eu o chamei ! Não me dê desculpas!
Seus temores só são justificáveis se você depositar sua
confiança em si mesmo. Mas se confiar totalmente em
mim, vou operar minha vontade em você e através de
você. Apenas diga sim ao Meu chamado”

O que atemoriza você ? O governo, a violência,
uma situação adversa, um líder religioso, um Mem-
bro de sua família, seu despreparo e sua inexperiên-
cia? Em quem você tem posto a sua confiança? Em
si mesmo ou no Deus que o chamou? Jeremias tinha
convicção de seu ministério porque a sua confiança
estava no Deus que o vocacionara (Jr 17.5-8).

Pelo que vimos, a única coisa que um ministro
vocacionado por Deus deve temer é desobedecer
às ordens de seu Senhor, porque quem o comissio-
nou se responsabiliza por prepará-lo, instruí-lo e
revesti-lo da autoridade necessária para realizar Sua
vontade (Jr 1.17; Mt 10; Fp 2.13). Então, obedecer
a Deus é nossa garantia de que Ele estará conosco
todo o tempo e cumprirá todos os Seus propósitos
(Jr 1.8,19; Mt 28.20)


A vocação ministerial é um chamado irrecusá-
vel, acompanhado da missão a cumprir e das instru-
coes necessárias a cada etapa (Gn 12.14; Ex 3,10;
4.19; 10.16; Mc 16.15). Então, se Deus o chamou
para exercer um ministério, Ele vai prepará-lo para
exercê-lo. Não fique indiferente ao chamado do
Senhor! Lembre-se de que nossa vocação manifesta
a maravilhosa graça de Deus em salvar-nos e honrar-
nos com tão excelente serviço (Hb 2)!


Mas o que é necessário para ter um ministério
bem-sucedido aos olhos do Senhor?































































3

Recursos para
um ministerio
bem-sucedido

E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca
e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas
palavras na tua boca.

Jeremias 1.9
Assim com Deus, no Antigo Testamento, suscitou
alguns de Seus servos como reis, juízes, liberadores,
sacerdotes ou profetas, capacitando-os por intermé-
dio de Seu Espírito a executarem a missão que lhes
estava confiada, tornando conhecidos Suas leis e
Seu plano para salvar a humanidade, no Novo, Seu
Filho, Jesus Cristo, fez discípulos e comissionou-os a
Irem por todo o mundo e anunciarem as boas novas
de salvação por intermédio dEle. Aqueles que cres-
sem seriam salvos (Mc 16.15,16-18). Não apenas os
sinais, mas sobretudo os frutos comprovariam a
autoridade do ministério dos verdadeiros ministros
de Cristo (Mt 7.15-27; Tg 3.17).

O vinde e o ide imperativos. Mas sabemos
que, quando Deus chama e comissiona alguém,
também provê os meios para que Sua vontade seja
cumprida. Foi assim com Jeremias e com os apóstolos
de Cristo no passado; assim é conosco no presente.

Primeiro Jesus chamou para si doze discípu-
los. Depois,, por três anos e meio, andou com eles,
ensinando-lhes os princípios da Palavra de Deus e a
importância da obediência. Só após o revestimento
especial do Espírito Santo, eles deveriam partir para
testemunharem tanto em Jerusalém como em toda a
Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8).

A partir do ministério de Jeremias, vamos
ver os principais meios usados pelo Senhor para
suprir Seus ministros. Dentre os principais recursos,
destacamos: a Palavra de Deus, o espírito Santo, as
promessas ministeriais, os colaboradores fiéis e os
recursos necessários.

A “espada do espírito”

É importantíssimo que o ministro de Deus
conheça, obedeça e anuncie a Palavra de seu
Senhor, pois ela manifesta o caráter e o poder dEle.
É criativa, pura, justa, irrepreensível, imutável e fiel
(Dt 4.12; 17.11; Js 21.45; 23.14; 2 Sm 22.31;
1 Rs 8.56; Sl 33.4,6; 105.42; 119.140,172; Pv 30;
Is 40.8); É fonte de vida e de verdade (Dt 32.47;
Sl 119.43; Jo 17.17; Lc 4.4; Jo 8.52; Fp 2.16). Tem
poder para cumprir os propósitos divinos (Is 55.11;
Jr 23.29; Hb 4.12). É plenamente obedecida nos
céus (Sl 103.20; 105.28, 119.89; Mt 6.). Ilumina
e instrui em justiça (Sl 119.105, 2 Tm 3.16),
produz fé (Rm 10.17), proteção (Sl 18.30), cura
(Sl 107.20), purificação e santificação (Sl 119.9;
Jô 15.3; Jo 17.17; Ef 5.26; 1 Tm 4.5), vivificação
(Sl 119.50), fortalecimento (Sl 119.28), salva-
ção (Sl 119.41) e reconciliação (2 Co 5.19).

A palavra de Deus é um poderoso instrumento à
disposição do crente para levá-lo ao conhecimento
de Deus e de Suas promessas, para ajudá-lo a en-
frentar e vencer as dificuldades da vida e o inimigo
de sua alma. Por isto, o apostolo Paulo, profundo
conhecedor das Escrituras, exortou:

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do
diabo [...] Tomai também o capacete da salvação e
a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.

Efésios 6.11,17

Jeremias anunciava a Palavra do Senhor (Jr 1.2).
Quando o profeta queria compartilhar com seus
ouvintes exatamente o que Deus lhe dissera,
empregava expressões como “veio a Palavra do
Senhor a mim, dizendo” ou “assim diz o Senhor”.
No livro de Jeremias, estas frases são usadas cerca
de 157 vezes, das 349 ocasiões em que aparecem nas
Escrituras.

Vimos com o Senhor capacitou a Jeremias:
E estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e disse-
me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua
boca (Jr 1.9). O Deus que chama e envia é o mes-
mo que supre com as palavras certas e com o poder
para cumprir Seus propósitos (Êx 4.11-15; Dt 18.18;
Mt 10.19; Lc 21.15).

Você sempre sabe o que pregar? Como se sente
em relação a seu ministério após os ouvintes terem
uma reação muito negativa à mensagem que você
pregou? Certa vez, Jeremias se sentiu muito mal
porque era visto como um homem de rixa e homem
de contenda para toda a terra e era amaldiçoado por
seu povo (Jr 15.10), mas ele tinha convicção de que
pregava a Palavra do Senhor, portanto, não devia
temer, pois o Eterno vela por cumpri-la (Jr 1.2).

É bom lembrar que não é a nossa palavra que
tem poder, e sim a Palavra de Deus. Ela é comparada
ao fogo, ao martelo (Jr 23.29), à espada (Ef 6.17).
O fogo queima, consome, purifica (Is 48.10; Jr 5.14)
O martelo esmiúça, quebranta, humilha (Is 26.5).
A espada corta, divide, penetra no intimo (Hb 4.12).
O que dizemos pode produzir pouco ou nenhum efei-
to, mas a Palavra de Deus sempre é eficaz.
Uma mensagem sem fundamento bíblico, basea-
da em especulações filosóficas e em emocionalismo,
jamais poderá alimentar o povo que tem fome e sede
de Deus. Precisamos recorrer à Palavra e confiar nela.
devemos recebê-la e ministrá-la como alimento
espiritual indispensável (Dt 8,3; Jr 15.16; Lc 4.4), a
fim de sermos fortalecidos e levarmos outros a desfru-
tarem do Pão da vida e da salvação em Cristo Jesus
(Jo 1.1; 6.35,48; Ap 19.11-13). Deus prometeu que
não só colocaria suas palavras na boca de Seus pro-
fetas, mas também lhes daria a sabedoria e a graça
necessária ao ministério (Sl 25.12; Pv 2.6,7; Ec 12.9;
Jô 14.26; Lc 12.12; 21.15; Rm 1.5; 1 Co 2.6,7,13;
Ef 1.8,16,17; 6.18-20; Cl 1.9; 4.2-4; 1 Tm 2.15; 4.1-2;
Tg 1.5; 3.17).

A presença e o consolo do Espírito

E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, e o
Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito
de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conheci-
mento e de temor do SENHOR.

Isaias 11.2

Antes de enviar Jeremias como profeta às na-
cões , o Senhor prometeu estar com ele, colocar Sua
Palavra na boca do profeta e dar-lhe os livramentos
necessários.

Em todo o ministério de Jeremias, constatamos
que diversas vezes o Espirito Santo mostrou que es-
tava presente. Ele ensinava o que o profeta havia de
Falar, revelava como Deus via Seu servo, conforta-
va-o e reanimava-o a prosseguir em sua missão.

Se você foi chamado por Deus para ser ministro
e esforça-se para fazer a obra que Ele lhe confiou,
deve estar seguro de que não está só. O Senhor vai
estar com você, dando-lhe poder e graça para anun-
ciar o evangelho.

Lembre-se de que, quando Jesus comissionou
Seus discípulos a pregarem as boas novas por todo
mundo, fez-lhes promessas. Que promessas? O
Senhor lhes prometeu que estaria com ele até a
consumação dos séculos através de Seu Espírito,
o Consolador, que o Pai enviaria após a ascensão do
Filho, para ajudá-los a cumprir a missão evangelística
(Mt 28.20; Jo 14.16,26; 15.26; At 1.4).

Por que os discípulos não foram imediatamente
testificar da morte e da ressurreição de Jesus? Por-
que, sem o poder do Espírito Santo, eles poderiam
apenas convencer alguns quanto à verdade, jamais
alguém se converteria.

Como gosta de enfatizar p Pr. Antonio Gilberto,
“Jesus não disse: ‘Antes de mais nada, recebereis um
curso, um diploma, um titulo, uma graduação, uma
licenciatura, uma formatura’, mas ‘Recebereis poder,
ao descer sobre vós o Espírito Santo e ser-me-eis teste-
munhas...’ (At 1.8)”.

Erra quem tenta fazer a obra de Deus sem a ajuda
do Espírito, pois todos os nossos esforços, talentos
e toda nossa erudição, ciência e apologética serão
inúteis se faltar a autoridade divina.

Quando os judeus se retornaram a Jerusalém após
o cativeiro babilônico, o Eterno mandou que Seu
profeta lembrasse a Zorobabel, líder judeu incumbi-
do de reconstruir o templo e restabelecer o culto ao
verdadeiro Deus (Ed 2.5; Ag 1.2), que toda obra a
ele confiada seria feita não por força, nem por violên-
cia, mas pelo [Seu] espírito (Zc 4.6).]

Quando você obedecer a Deus, contará com a
presença e com o poder do Espírito Santo para com-
firmar seu ministério!

As promessas ministeriais

Deus fez a Jeremias três grandes promessas que
o incentivariam a persistir em seu ministério: que
seria sempre com ele, que o fortaleceria e que o
livraria dos inimigos.

Não temas diante deles, porque eu sou conti-
go para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o
SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o
SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na
tua boca.

Jeremias 1.8,9

Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-
lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes
diante deles, porque eu farei com que não temas






Na sua presença. Porque eis que te ponho hoje por
cidade forte, e por coluna de ferro, e or muros
de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de
Judá, e contra os seus principes, e contra os seus
sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão
contra ti, mas não prevalecarão contra ti; porque
eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar.

Jeremias 1.17-19

E eu te podei contra este povo como forte muro
de brnze; e pelejarao contra ti, mas não preva-
lecerão contra ti; porque eu sou contigo para te
guardar, para te livrar deles, diz o SENHOR. E
arrebatar-te-ei da mão dos malignos e livrar-te-ei
das mãos dos fortes.

Jeremias 15.20,21

O Senhor não prometeu isentar Jeremias das
oposições e perseguições, dos sofrimentos e das cica-
trizes das batalhas, pelo contrário, avisou Seu servo
de que pelejariam contra ele, mas que não iam pre-
valecer porque Ele o guardaria e livraria do opressor.
Esta promessa se cumpriu de forma tão poderosa que
superou as expectativas de Jeremias. O profeta
sobreviveu às rejeições, calúnias, perseguições,
prisões promovidas pelos próprios judeus e aos horro-
res da queda de Jerusalém, vendo os juízos divinos por
ele anunciados cumpridos em todos os pormenores.

O ministerio de Jeremias pode não ter tido
muito sucesso aos olhos dos que desprezavam a

Pregação dele, que contrariava as profecias de paz e
de prosperidade dos demais profetas (Jr 2.8; 5.13,31;
6.14; 8.11; 14.13-15; 23.9,13-16), mas, sem dúvida,
Jeremias, entrou para a História como um homem
respeitado, que anunciou a verdade, falando da parte
de Deus.

A promessa pessoal de Deus a Jeremias – eu
sou contigo pata te livrar – alimentou a confiança do
profeta, que, em um momento de extrema angústia,
pôde fazer uma profissão de fé:

O SENHOR está comigo um valente terrí-
vel; por isso, tropeçarão os meus perseguidores e
não prevalecerão; ficarão mui confundidos; como
não se houveram prudentemente, terão uma com-
fusão perpétua, que nunca se esquecerá.

Tu, pois, ó SENHOR dos Exércitos, que provas
o justo e vês os pensamentos e o coração, veja eu
a tua vingança sobre eles, pois te descobri a minha
causa.

Cantai ao SENHOR, louvai ao SENHOR; pois
livrou a alma do necessitado da mão dos malfei-
tores.

Jeremias 20.11-13

O apóstolo Paulo foi outro ministro de Deus
que, conhecendo o amor e a fidelidade do Senhor,
pôde declarar:

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por
nós, quem será contra nós? Aquele que nem


Mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o
entregou por todos nós, como nos não dará tam-
bém com ele todas as coisas?

Quem intentará acusação contra os escolhidos de
Deus? É Deus quem os justifica. Quem os conde-
nara? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita
de Deus, e também intercede por nós.

Quem nos separará do amor de Cristo? A tribula-
ção, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome,
ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está
escrito: Por amor de ti somos entregues à morte
todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o
matadouro.

Mas em todas estas coisas somos mais do que ven-
cedores, por aquele que nos amou. Porque estou
certo de que nem a morte, nem a vida, nem os
anjos, nem os principados, nem as potestades,
nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem
a profundidade, nem alguma outra criatura nos
poderá separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor!

Romanos 8.31-39


Em tudo somos atribulados, mas não angustiados;
perplexos, mas não desanimados; perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não dês-
truídos.

2 Coríntios 4.8,9


As promessas de Deus renovam a nossa fé e mos-
tram que o Senhor jamais abandona Seus servos.
Então, se Deus o chamou, preparou para o ministé-
rio e lhe fez promessas, vá em frente, irmão, pois o
Senhor é contigo!

Um fiel amigo e colaborador

Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia
nasce o irmã.

Provérbios 17.17

Em cada página do livro de Jeremias, vemos
que este grande profeta se dedicou totalmente ao
ministério que Deus lhe confiou. Sua fidelidade ao
Senhor e sua obediência em proclamar o juízo divino,
levou Jeremias a passar por momentos de extrema
oposição e dificuldade.

Jeremias tornou-se um homem solitário. Suas
profecias levaram o povo a rejeitá-lo e a mantê-lo à
distância. A mensagem impopular que foi incumbido
de pregar também atraiu para ele a hostilidade do
povo (Jr 20.7-10). Mais do que qualquer outro, o pro-
feta necessitava de um amigo fiel, que acreditasse nele
e apoiasse seu ministério, deus lhe deu Baruque.

Ao contrário dos líderes, da população e dos
profetas de Judá, Baruque cria na integridade de
Jeremias e na autenticidade de sua mensagem . De
outro modo, não se arriscaria, aliando-se a uma
pessoa tão impopular e perseguida.

Atuando como secretário e escriba de Jeremias,
Baruque transcreveu-lhe as profecias, anunciando o
julgamento de Deus sobre a nação e leu a mensagem
no templo, na presença de todo o povo e dos prín-
cipes de Judá, porque Jeremias estava impedido de
entrar na casa do Senhor.

Alarmados por causa das predicações de Jeremias,
os oficiais da corte insistiram em levar a mensagem
para o rei, mas, ao tomar conhecimento das profe-
cias, Jeoaquim mostrou total desprezo pela Palavra
e pelos servos do Senhor. À medida que as páginas
foram lidas, ele as cortou e lançou no fogo. Depois,
ordenou que Jeremias e Baruque fossem presos; o
que não aconteceu porque o Senhor os avisou, a fim
de que se escondessem.

Quando as maiores dificuldades chegaram,
Jeremias encontrou em Baruque um amigo sincero
e leal. Esta amizade contribuiu bastante para o mi-
nistério de Jeremias, pois o profeta encontrou novas
forças para realizar o propósito divino que era salvar,
perdoar e restaurar Israel.

Na Bíblia, vemos a menção de amigos espe-
ciais: Abraão, chamado “amigo de Deus” (Tg 2.23),
Jônatas, o querido e fiel amigo de Davi (1 Sm 18;20)
João, Pedro e Tiago, os amigos aos quais Jesus re-
Velou Sua glória (Mt 17.1-5); Barnabé, Silas, Tito,
Timóteo, Epafrodito, onesíforo, Lucas e muitos
outros amigos e colaboradores do apóstolo Paulo
(At 9.27; 15.40; Co 4.17; 2 Co 7.6; 8.23; Fp 2.25-30;
Rm 16; 2Tm 1.16-18; 4.11); Jo 15.12-17); compa-
nheiros que permaneceram leais em meio às maiores
adversidades.

Todos nós precisamos de pelo menos uma pessoa
que acredite em nós e ajude-nos, custe o que custar.
Até mesmo o Filho de Deus precisou de amigos que
o apoiassem até o fim (Jo 6.67). então, se seu fardo
está pesado, ore a Deus e peça-lhe um amigo e cola-
borador fiel. Com certeza, Ele proverá um!


Os recursos necessários ao ministério

Ao receber o chamado ministerial, que recursos
você julga necessários para atender ao chamado? Uma
personalidade carismática? Uma elevada capacida-
de intelectual? Uma invejável formação acadêmica?
Um planejamento prévio minuciosos, com estraté-
gias bem definidas e um marketing eficaz, para rapi-
damente atingir suas metas? Muitos recursos finan-
ceiros para patrocinar seu ministério e uma equipe
eficiente?


Se sua resposta for sim, saiba que, apesar de
serem recursos almejados pela maioria das empresas
que visam o sucesso, em termos da obra de Deus,
são insuficientes e inadequados, pois, sendo recursos
meramente humanos, nunca poderão competir com os
valiosos recursos – a Palavra e o Espírito Santo – que
Deus disponibiliza para Seus ministros cumprirem a
missão que lhes foi confiada.

Atentando para o exemplo de Jeremias, vemos
que foi o Eterno quem o separou desde o ventre ma-
terno para o ministério e colocou Suas Palavras na
boca do profeta. Foi o Senhor dos Exércitos quem
fez com que Jeremias não temesse pregar diante de
ouvintes enfurecidos. Foi o Deus de toda consola-
ção quem assistiu e reanimou Jeremias em toda sua
caminhada. Foi o El Shadai quem lhe deu todos os
livramentos. Foi o Jeová Jireh quem proveu o coope-
rador para o ministério de Jeremias. Foi o Eliom e
quem trouxe cumprimento à mensagem anunciada
por Seu servo.

Falando acerca de seu testemunho, o apóstolo
Paulo esclareceu aos crentes em Corinto sobre sua
fragilidade como homem e sobre o grandioso poder
da Palavra de Deus.

E eu irmãos, quando foi ter convosco, anuncian-
do-vos o testemunho de Deus, não fui com subli-
midade de palavras ou de sabedoria. Porque nada
me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo
e este crucificado. E eu estive, convosco em fra-
queza, e em temor, e em grande tremor. A minha
palavra e a minha pregação não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas
em demonstração do Espírito e de poder, para
que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos
homens, mas no poder de Deus.

1 Coríntios 2.1-5


Ao ensinar aos irmãos sobre a vocação e os dons
ministeriais na Igreja de Cristo, Paulo enfatizou que
o Senhor é quem dá os dons segundo a utilidade
para o corpo e quem opera tudo em todos através
de Seu Espírito:

Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o
mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o
senhor é o mesmo. E há diversidade de operações,
mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um
para o que for útil.

Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da
sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a PA-
lavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito,
a fé; e a outro, pelo mesmo espírito, os dons de
curar; e a outro, a operação de maravilhas; e a
outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir
os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a
outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o
mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartin-
do particularmente a cada um como quer.

1 Coríntios 12.4-11

Porque assim como em um corpo temos muitos
membros, e nem todos os membros têm a mesma
operação, assim nós, que somos muitos, somos
um só corpo em Cristo, mas individualmente so-
mos membros uns dos outros. De modo que, tendo
diferentes dons, segundo a graça que nos é dada:

Se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se
é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse
dom em exortar; o que reparte, faça-o com libera-
lidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria. O amor seja não fingi-
do. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.

Romanos 12.4-9

A despeito de Paulo instar os cristãos almejar os
melhores dons ( 1 Co 12.31), é importante lembrar
que os dons ministeriais não podem ser comprados,
negociados nem usados leviandade.

Certa ocasião, tendo Pedro e João ido a Sa-
maria, a fim de rogar a Deus que batizasse com o
Espírito Santo os crentes que lá viviam, um homem
chamado Simão, que iludia as pessoas com sua ma-
gia, ofereceu dinheiro aos discípulos de Jesus, numa
tentativa de comprar o dom de Deus, e foi duramen-
te repreendido por Pedro:

Disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para
perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se
alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sor-
te nesta palavra, porque o teu cotação não é reto
diante de Deus. Arrepende-te, pois dessa tua ini-
quidade e ora a Deus, para que, porventura, te
seja perdoado o pensamento do teu cotação; pois
vejo que estás em fel de amargura e em laço de
iniqüidade.

Respondendo, porém, Simão disse: Orai vós por
mim ao Senhor, para que nada do que dissestes
venha sobre mim.

Atos 8.20-24


Se você tem certeza de sua vocação, se rece-
beu a espada da Palavra, o Espírito Santo e os dons
ministeriais, que desculpa tem para desobedecer a
ordem de Deus, para não realizar a obra que Deus
lhe confiou?

Não precisa temer mal ou dificuldade alguma!
Se você confiar, o Senhor, segundo as suas riquezas,
suprira todas as vossas necessidades em glória, por Cristo
Jesus (Fp 4.19). Você poderá contar com o conselho
e o poder das Escrituras, com o doce e maravilhoso
consolo do Espírito Santo, que tem todo aquele que
obedece à chamada de Deus para o ministério.


























































4


A dedicação
ao ministério

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade.

2 Timóteo 2.15
O termo ministério (lat. Minister) designa um
ofício, uma incumbência, uma profissão, parte da
administração de um Estado. Sendo assim, o mi-
nistro está incumbido de um trabalho especifico e
exerce uma função importante, que exige dele con-
fiabilidade, responsabilidade, comprometimento e
dedicação.

Embora no Antigo Testamento, profetas1, juí-
Zes2 , sacerdotes3 , levitas4 e até reis5 , fossem conside-
rados ministros a serviço de Deus e de Seu Reino na
terra, apenas no Novo encontramos esta designação
para aqueles que receberam a incumbência de pre-
gar o evangelho, e mesmo assim, a palavra minis-
tro aparece como uma tradução dos termos gregos
huperetes6 , assistente (Lc 4.20; At 26.16); diakonos7 ,
servo (Rm 13.4; 15.8; Gl 2.17; Ef 6.21; Cl 1.7,23,25;
4.7; 1 Ts 3.2; 1 Tm 4.6) e leitourgos8 , um encarrega-
do das coisas sagradas (Rm 15.16; Hb 8.2).

A partir dessas aplicações, aprendemos que, an-
tes de tudo, o ministro é um servo, alguém que está a
serviço de um superior, devendo-lhe respeito e obe-
diência; e como servo, deve esforçar-se para agradar
a seu Senhor (Ef 6.5,6; Cl 3.22; 1 tm 6.1; Tt 2.9;
1 Pe 2.18,19).

Um ministério exige esforço e dedicação do
ministro. Mas o que é dedicar-se a Deus? O que a
dedicação exige?

Quando atentamos para os critérios morais e
espirituais requeridos pelo Senhor daqueles que
exerciam o sacerdócio, o ministério Levítico ou
o profético (Êx 29; 39.1-31; Lv 8-9; 21-22; Dt
13; Ez 34;44) e até mesmo de Seu povo (Êx 19.6;
Lv 20.7; 1 Pe 1.16; 2.9), vislumbramos a santidade
de Deus e a nossa necessidade de um Cordeiro santo
e imaculado para nos justificar e garantir acesso ao
Pai, bem como do Espírito Santo para nos revestir do
novo homem, que reflita a imagem divina e que aja
segundo a Sua boa, perfeita e agradável vontade.

Quando lemos a historia de homens como Samuel,
Jeremias, Paulo e outros dedicados ao ministerio,
vemos que uma das primeiras providencias do Eterno
foi levá-los ao conhecimento de Sua graciosa Lei e
a um encontro com Ele, a fim de proporcionar-lhes
maior conhecimento sobre Seu caráter, amor, poder
e Seus propósitos. Só a partir de uma experiência
profunda e pessoal eles poderiam contar aos demais
sobre a pessoa e o plano de Deus.


Uma das principais lições que esses servos
aprenderam sobre o Eterno foi que Ele é o Senhor; é
soberano, justo e santo, e exige santificação, respeito
e obediência de quem deseja conhecê-lo e servi-lo.
Os servos de Deus não desprezaram a dedicação a
seu Senhor através da consagração, da leitura da
Palavra, da oração, do testemunho pessoal e da
prática do amor cristão.

A dedicação através de consagração

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus,
que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional. E não vos conformeis com este mun-
do, mas transformai-vos pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12.1,2


Deus disse que, antes de Jeremias sair da madre,
Já o havia santificado como profeta (Jr 1.5). Suben-
tendemos que, antes de santificar alguém, Deus o
separa dos demais, coloca-o à parte, reserva-o para
um fim especial.

Deus separou Jeremias para anunciar Sua men-
sagem profética. O Senhor reserva para Si quem
escolhe como ministro. Mas a dedicação a Deus
não significa apenas ser separado para cumprir uma
missão. A dedicação implica santificação, porque
Deus é santo (Lv 20.7; 1 Pe 1.16).

Jeremias era santo; era consagrado a Deus.
Tinha uma maneira de ser e de agir diferente de seus
contemporâneos. Ele se resguardava das práticas
mundanas para que pudesse ser um vaso útil para seu
Senhor e um modelo a ser seguido pelos demais. Em
suas lamentações, Jeremias lembrava a Deus sobre
sua sinceridade e dedicação ao ministério e a oposi-
ção que sofria de seu povo.

Ai de mim, minha mãe! Por que me deste à luz
homem de rixa e homem de contenda para toda a
terra? Nunca lhes emprestei com usura, nem eles
me emprestaram a mim com usura, e, todavia,
cada um deles me amaldiçoa.

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e
a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do
meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó
SENHOR, Deus dos Exércitos. Nunca me assentei

No congresso dos zombadores, nem me regozijei;
por causa da tua mão, me assentei solitário, pois
me encheste de indignação.

Jeremias 15.20,16,17


A despeito de sua dor, Jeremias nunca se cor-
rompeu. Sabia que, sem paz e santificação, ninguém
verá a Deus (Hb 12.14). Sabia que devia guardar-se
da iniqüidade e purificar-se, a fim de ser um vaso para
honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e prepa-
rado para toda boa obra (2 Tm 2.21).

A consagração exige renúncia pessoal
(Mc 1.16-20; 8.34-38; Lc 14.33; Fp 3.7-9), entre-
ga total (Gn 22; Sl 37.5; Mc 14.3-9), integridade
(Jr 48.10; Dn 6.4; Jo 1.47; Êx 18.21), responsa-
bilidade (Pv 18.9; Mt 25.24-30), disponibilidade
(Is 6.8), obediência ( 1 Sm 15.22), estudo da
Palavra (Pv 22.17; 23.12; Jr31.21), oração (Jr 29.7;
Mt 5.44; Mt 26.41; 1 Ts 5.17; Tg 5.16), amor a Deus
e ao próximo (Mt 22.37,39; 1 Co 13).

A dedicação através da obediência

No capitulo 13, Jeremias conta que, em obedi-
ência às instruções de Deus, comprou um cinto de
linho, atou-o à cintura, caminhou até o rio Eufrates,
esconde-o na fenda de uma rocha e retornou para
Jerusalém. Algum tempo depois, o profeta recebeu
a ordem divina para regressar ao Eufrates, recuperar
o cinto apodrecido e usá-lo enquanto proclamava a
seguinte mensagem:

Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá
e a muita soberba de Jerusalém. Este povo ma-
ligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras,
que caminha segundo o propósito do seu coração
e anda após deuses alheios, para servi-los e incli-
nar-se diante deles, será tal como este cinto, que
para nada presta. Porque, como o cinto está liga-
do aos lombos do homem, assim eu liguei a mim
toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o
SENHOR, para me serem por povo, e por nome, e
por louvor, e por glória; mas não deram ouvidos.

Jeremias 13.9-11


O cinto de linha, aparato usado pelos sacerdotes,
representava a pureza da aliança entre Deus e Israel,
que estava comprometida por causa dos pecados da
nação. O cinto completamente podre era uma ale-
goria de Israel, que se tornara impura e, como tal,
não podia permanecer ligada ao Deus santo. Jere-
mias usou o cinto de linho podre para ensinar aos
israelitas a inutilidade da aliança enquanto vives-
sem no pecado.

No capítulo 18, Jeremias diz que Deus o enviou
à casa do oleiro, para observar como o artífice agia
quando um vaso quebrava em suas mãos. Ele amas-
sava o barro e fazia outro vaso, segundo sua vontade.
Então, o Senhor ensinou ao profeta: Não poderei eu
fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?[...]
eis que, como o barro não mão do oleiro, assim sois vós
na minha mão, ó casa de Israel (v.6).

A imagem do Eterno como oleiro, artífice, tam-
bém foi usada pelo profeta Isaías para revelar a so-
berania divina, mostrando que Ele tem total poder e
controle sobre o seu povo, o vaso, pois o barro está à
completa mercê do oleiro (Is 29.16).

No capitulo 19, Jeremias revela que, por ins-
trução divina, comprou uma “botija de oleiro”, foi
ao vale do filho de Hinom, quebrou o vaso dian-
te do povo para demonstrar o juízo que Deus tra-
ria e anunciou: Assim diz o SENHOR dos Exércitos:
deste modo quebrarei eu este povo e esta cidade, como
se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se
(v.11) . Judá estava corrompida pela maldade e ido-
latria e recusava-se a ouvir a Deus, por isto Jerusalém
seria destruída pelos inimigos e serviria de objeto de
espanto (v. 4-9).

No capitulo 27, o profeta narra o episódio em
que Deus ordenou-lhe confeccionasse cadeias,
colocasse-as no pescoço e andasse pelas ruas de
Jerusalém diante do povo para anunciar ao rei de
Judá e aos reis das nações vizinhas que Nabucodo-
nosor invadiria as cidades, e aqueles que não se sub-
metessem ao jugo da Babilônia seriam mortos pela
fome, pela peste ou pela espada (v.6-8).

No capitulo 32, Jeremias conta que, conforme
orientação divina, comprou um terreno em Anato-
te, sabendo que não viveria o suficiente para gozar
dele, para mostrar aos moradores de Judá que a pro-
messa do Senhor era fiel; depois de muito tempo, os
Judeus retornariam a Jerusalém e reconstruiriam a
cidade e o templo (v. 15), pois com Deus sempre há
esperança!

Jeremias obedeceu minuciosamente às ordens do
Senhor, dramatizando as mensagens, a fim de torná-
la mais clara, viva, didática para os ouvintes. Deus
usou a vida do profeta para ensinar aos pecadores o
caminho do arrependimento e do temor a Ele, que é
o principio da sabedoria (Sl 111.10; Pv 1.7).

A dedicação através do estudo
da palavra

Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o
poder de Deus.

Mateus 22.29b

Jeremias separava tempo todo dia para estar a
sós com Deus, ler as Escrituras, tomar nota do que
o Senhor lhe revelava, meditar nisso dia e noite e
ensinar aos demais. Porque se consagrava, o profeta
podia entender a Lei de Deus, ouvir Sua voz e ter o
privilégio de deixar-se instruir pela Palavra.

No capítulo um, versículo dois, é dito que a
Palavra de Deus chegou a Jeremias, ou seja, que a
iniciativa de fazer dele um profeta foi do Senhor, mas
a pergunta em Jeremias 23.18 – Porque quem esteve
no conselho do SENHOR, e viu a sua palavra?
Quem esteve atento à sua palavra e a ouviu? – indica
a necessidade de um esforço pessoal para buscar a
Deus, estar atento à Sua voz e obedecer às Suas ins-
truções. Para receber as revelações divinas, Jeremias
tinha de estar a sós com o Senhor, estudar a Palavra
e meditar nela.

O profeta estudava as Escrituras para aplicá-las
à sua vida, não apenas para ensiná-las aos outros.
Precisamos voltar-nos para a Palavra, a fim de cres-
cermos na graça e no conhecimento do Senhor,
sermos parecidos com Jesus, praticarmos boas obras
e apontarmos o caminho da salvação para os que
nos cercam.

Infelizmente, alguns ministros do evangelho
estudam a Palavra de Deus só quando vão prepa-
rar um sermão. Contudo, quem age assim, não tem
uma comunhão profunda com Deus e não tem
uma comunhão profunda com Deus e não avança na
obra do Senhor.

Devemos conhecer a Palavra de Deus e o Deus
da Palavra, e só há uma maneira: lendo a Bíblia de
Gênesis a Apocalipse, meditando nos princípios da
lei divina e de Seu plano de salvação para a humani-
dade e pondo em pratica o que aprendemos.

Leia a Bíblia hoje; leia-a todos os dias do ano,
leia-a sempre! Estude-a sistematicamente. Torne sua
mente saturada com ela. Leia-a até que a Palavra de
Deus molde sua personalidade; faça parte de seu ser.
Só então Deus irá usar você como Ele deseja. Não
pode haver ministério eficaz sem o poder da Palavra
de Deus!

Como anda o dizimo de seu tempo? Quanto
tempo você separa diariamente para ficar a sós com
Deus, ler e meditar nas Escrituras?

Jeremias dedicava muito tempo ao Senhor, porque
o amava. No capitulo 15, confessou: achando-se as tuas
palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo
e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo,
ó SENHOR, Deus dos Exércitos (v.16).

Como o apóstolo Paulo, Jeremias entendia que
toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfei-
tamente instruído para toda boa obra (2 Tm 3.16).

Que possamos atentar para a recomendação de
Deus:

Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes,
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado
de fazer conforme tudo quanto nele está escrito;
porque, então, farás prosperar o teu caminho e,
então, prudentemente te conduzirás.

Josué 1.8


A dedicação através da oração
Por esta razão, nós também, desde o dia em que o
ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir
que sejais cheios do conhecimento da sua vontade,
em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para
Que possais andar dignamente diante do Senhor,
agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa
obra e crescendo no conhecimento de Deus; cor-
roborados em toda a fortaleza, segundo a força da
sua glória, em toda a paciência e longanimidade,
com gozo, dando graças ao Pai, que nos fez idôneos
para participar da herança dos santos na luz.

Colossenses 1.9-12

O profeta Jeremias sabia que um ministério bem-
sucedido exige do ministro uma profunda comunhão
com Deus. Isto requer tempo a sós com o Senhor,
conhecimento de Sua Palavra e de Seu caráter,
comunicação constante com Ele através da oração.

Jeremias foi um homem de oração. Na Bíblia,
há mais orações dele do que de qualquer outro. Jere-
mias derramava seu coração diante de Deus, por isto
tinha resposta às suas orações.

Jesus nos deu o exemplo. Ele nunca dispensou a
comunhão com o Pai (Mt 26.39). quando Seus dis-
cípulos lhe pediram instruções acerca da oração, Ele
disse que não deviam orar em praça pública, como
os hipócritas, para se mostrarem espirituais, deviam
entrar no aposento, fechar a porta, e orar ao Pai que
vê o que está em oculto, e o Pai os recompensaria.
Ensinou-lhes que não deviam repetir as palavras,
como faziam os gentios em suas rezas, porque o Pai
sabia do que necessitavam antes mesmo de pedirem,
e deu-lhes o Pai nosso como um modelo de oração
(Mt 6.5-13).
Nas cartas de Paulo, vemos que ele era um ho-
mem de oração. Constantemente apresentava as di-
ficuldades e necessidades de seu ministério a Deus e
pedia que os irmãos intercedessem por ele. O após-
tolo sabia que a obra em que trabalhava só podia ser
feita no poder do Senhor, para isto ele tinha de estar
na presença dEle, informado acerca de Sua orienta-
ção e vontade, a fim de agir de maneira eficaz.

Nenhum cristão pode desfrutar de crescimento
e do poder de Deus sem passar algum tempo na pre-
sença do Senhor, lendo a Palavra e orando. A ora-
ção dá ao crente a força espiritual, a orientação e a
segurança de que necessita para testemunhar e agir
segundo a direção divina.

A oração, além de proporcionar ao crente
comunhão com Deus e muitas outras benções, é usada
pelo Senhor para revelar Seus filhos segredos inima-
gináveis. Há muita coisa que o obreiro só aprende
na escola da oração, quando ele mesmo ora a Deus
e tem a experiência de ser respondido por ele. É o
Senhor quem faz o desafio: Invoca-me, e te respon-
derei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não
sabes (Jr 33.3 ARA).

Em sua dedicação a Deus e ao ministério, ho-
mens como Jeremias, Paulo e outros gigantes na
fé separavam um tempo para ficarem a sós com o
Senhor, contando a Ele suas dúvidas, temores,
necessidades, e ouvindo-o. Quando você dedi-
ca tempo à leitura da Palavra de Deus e à oração,
Estabelece uma boa comunicação com o Senhor,
Pois quando ora, fala com ele; quando lê a Palavra,
Ele fala com você, revelando-lhe Seus mistérios e
Dando-lhe a direção certa.

Quão dedicado você é a Deus e ao ministério?
Você se consagra a Ele através do estudo bíblico e
da oração? A quem você expõe suas necessidades,
frustrações, dúvidas, seus temores? Você conhece e
confia em Deus o suficiente para orar a Ele e aguar-
dar Sua resposta?

Se Jesus prometeu que tudo o que pedíssemos em
Seu nome ao Pai, crendo, receberíamos (Mt 21.22),
por que tantos crentes freqüentemente se sentem
derrotados diante das adversidades da vida? Por que
tantos desanimam, ficam tão frustrados e pensam em
desistir do ministério que Deus lhes confiou? Talvez
porque orem pouco, não creiam ou não saibam como
convém pedir (Mt 7.7; Jo 16.24; Tg 4.3).

Por que tão poucos pecadores são verdadeira-
mente transportados das trevas para a maravilhosa
luz? Porque os cristãos de hoje oram pouco. Por
que nossas igrejas não estão abrasadas pelo amor de
Deus? Porque dedicam pouco tempo para oração.
Por que tantos obreiros não são bem-sucedidos em
seu ministério? Porque desprezam o poder da oração,
da comunhão com Deus.

Alguém já disse que “sem oração, sem poder.
Pouca oração, pouco poder. Muita oração, muito
poder”. A oração é uma arma espiritual importan-
tissima à disposição do crente, para garantir-lhe
vitoria sobre si mesmo, sobre as adversidades e so-
bre o poder das trevas (Ef 6.11,18). Que possamos
usá-la com ousadia e sabedoria, a fim de obtermos a
ajuda oportuna de Deus!

A dedicação através do amor
ao próximo

Um ministério aprovado por Deus requer amor,
compaixão pelas almas perdidas!

Jeremias não amava só a Deus. Ele tinha profunda
compaixão por seu povo. A despeito de tudo que sofre-
ra, entendia que aqueles aos quais fora enviado o rejei-
taram, porque não conheciam a Deus nem o Seu amor.
Era tão empenhado em pregar aos judeus a mensagem
divina, porque não queria que seus irmãos vivessem
no pecado, rejeitassem a salvação oferecida por Deus e
sofressem o juízo; queria que eles não quiseram, e quando
Deus revelou a Seu servo o que aconteceria a Jerusa-
lém, Jeremias confessou:

Estou quebrantado pela ferida da filha do meu
povo; ando de luto, e o espanto se apoderou de
mim.

Jeremias 8.21
Prouvera a Deus a minha cabeça se tornasse em
águas, e os meus olhos em uma fonte de lágrimas!
Então choraria de dia e de noite os mortos de meu
povo.

Jeremias 9.1

O profeta sofria por causa da dor alheia, da feri-
da de seu povo. O coração de Jeremias estava triste.
O povo ao qual ele fora enviado vivia em pecado, e
rejeitava a salvação divina. A destruição de Jerusa-
lém e o cativeiro seriam o amargo remédio usado
pelo Senhor para curar Seu povo da rebeldia e ido-
latria, porque o Senhor corrige o que ama e açoita a
qualquer que recebe por filho (Hb 12.6).

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 13, afirmou
que, ainda que ele tivesse todos os dons ministeriais,
que distribuísse todas as suas riquezas aos pobres e
desse a sua vida pelo evangelho, sem amor, nada
disso valeria.

Só o amor pode verdadeiramente levar alguém
a doar-se em prol do outro! Que possamos pedir a
Deus que derrame em nosso coração mais da sua gra-
ça e da sua misericórdia, a fim de que Cristo habite em
nosso coração pela fé e, estando arraigados e fundados
em amor, possamos perfeitamente compreender, com
todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e
a altura, e a profundidade e conhecer a amor de Cristo,
que excede todo entendimento, para que sejamos cheios
de toda a plenitude de Deus (Ef 3.17-19).

A dedicação através do testemunho
pessoal

Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de
língua, mas por obra e em verdade.

1 João 3.18
Jeremias fora escolhido por Deus para ser pro-
feta. Ao receber a ordem para exercer o ministério,
sentiu que não tinha outra escolha, então se dedicou
totalmente. Obedeceu ao chamado divino, consa-
grou-se e tudo quanto Deus o mandou fazer, fez com
êxito, pois estava sob a autoridade e a supervisão
divina. O profeta foi uma testemunha do amor e do
poder de Deus. Muitos foram impactados através de
seu ministério.

Nós também recebemos vários chamados: fomos
chamados ao arrependimento (At 26.20; Rm 2.4),
a crer em Jesus como Salvador (Jo 3.36), a subme-
ter-nos ao Seu senhorio (1 Pe 3.15), a santificar-nos
(2 Co 7.1; 1 Ts 4.3), amar a Deus e ao próximo
(Mc 12.33), a desfrutar da vida eterna (1 Jo 2.25),
a testemunhar sobre Deus com poder e ousadia,
levando outros ao conhecimento e temor ao Senhor
(Is 43.10; 1 Pe 2.9).

Um ministério bem-sucedido requer um bom
testemunho de nossa fé e de nosso caráter, por isto
Paulo incentivou Timóteo em seu ministério e ins-
truiu-o:

Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém des-
preze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis,
na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na
fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar,
até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti,
o qual te foi dado por profecia, com a imposição
das mãos do presbitério. Medita estas coisas, ocu-
pa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja
manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazen-
do isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos
que te ouvem.

1 Timóteo 4.11-16


Conjuro-te pois, diante de Deus e do Senhor
Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos,
na sua vinda e no seu Reino, que pregues a pala-
vra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas,
repreendas, exortes, com toda a longanimidade e
doutrina.

2 Timóteo 4.1,2

A vida do profeta Jeremias foi uma demonstra-
ção prática do amor e do poder de Deus. Ele vi-
veu de acordo com a Lei divina! E você, vive o que
prega? Sua vida demonstra com clareza a importân-
cia da mensagem que anuncia? Você é um ministro
consagrado a Deus? Seu estilo de vida condiz com a
mensagem que anuncia ao mundo?

Ensinando acerca do testemunho pessoal, Jesus
disse a Seus discípulos que eles eram o sal da terra
e a luz do mundo (Mt 5.13-16), e com tal, deviam
ser um bom referencial, a fim de mostrar com sua
própria vida o caminho da salvação para os que
estavam em trevas.

No Antigo Testamento já era assim. Os homens
de Deus nunca passaram desapercebidos. O profe-
ta Eliseu, por exemplo, chegou a ser hospedado por
um casal abastado, porque a esposa comentou com
o marido: Eis que tenho observado que este que passa
sempre pôr nós é um santo homem de Deus (2 Rs 4.9).
Não foi só o discurso de Eliseu ou os milagres que
o Senhor operou por intermédio dele que conven-
ceram a mulher sunamita de que o profeta era um
santo homem de Deus. Foi, sobretudo, o comporta-
mento dele; seu testemunho de vida que falou alto.
Ele vivia de acordo com o que pregava.

Jesus recomendou a Seus discípulos que se guar-
dassem do fermento dos fariseus. Eles pregavam a
Lei de Deus, mas não viviam de acordo com os fun-
damentos dela: o amor e a justiça. Tinham uma falsa
aparência de santidade, de piedade, mas negavam
a eficiência deste com seu estilo hipócrita de vida
(Mt 23.13-15,23-30; Lc 12.1).

Paulo visando o bem da Igreja, alertou que, nos
últimos dias, surgiram muitos homens sem afeto na-
tural, sem temor a Deus, com aparência de piedade, ou
seja, com uma “vida de fachada”. Esses obreiros frau-
dulentos, homens corruptos de entendimento e répro-
bos quanto à fé, segundo o apóstolo, não irão, porém,
avante; porque a todos será manifesto o seu desvario
(2 Tm 3.1-9).


Jeremias era um servo de Deus; um profeta
ciente de sua vocação e de suas responsabilidades;
um homem consagrado, usado pelo Senhor para
anunciar Sua mensagem ao mundo.

Deus usa os que se consagram como instrumentos
em sua potente mão. O que o mundo de hoje precisa
não é de obreiros renomados, de doutores da Lei; é
de ministros consagrados a Deus.

Precisamos de pastores que tenham amor e
compaixão pelas almas a ponto de colocarem-se
“na brecha” por elas; de ministros que suportem o
fardo moral e espiritual que os profetas do Antigo
Testamento suportaram para apontar o caminho aos
pecadores, de evangelistas que paguem o preço que
os apóstolos pagaram para anunciar as boa novas de
salvação aos pecadores.

Deus precisa de servos que derramem lágrimas,
que se comovam, como fizeram Jeremias, Jesus e
Seus discípulos, por causa da sorte dos pecadores
(Lc 19.41; At 17.15,16), a fim de anunciem-lhes a
palavra da cruz, [que] é loucura para os que perecem;


Mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus
(1 Co 1.18).

Vimos que Deus requer “inteireza” de nós –
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento
(Mt 22.37). Vimos os meios pelos quais um ministro
pode consagrar-se ao Senhor. A seguir, veremos os
desafios do ministério e como superá-los.

___________________________________________________________________________

1 Em gr. Prophetes; em hb. Nabiy.
2 Em gr. Krites, dikastes; hb. Shaphat.
3 Em gr. Hiereus; hn. Kohen.
4 Em gr. Leuites; hb. Leviy ou levyiy.
5 Em gr. Basileus; em hb. Melek.
6 huperetes – alguém que ministra ou presta serviços, que ajuda outro
em algum trabalho, serve com as mãos; termo aplicado aos pregado-
res do evangelho, aos atendentes de uma sinagoga, aos empregados
ou serventes dos magistrados, aos empregados que executam penali-
dades, aos servos de um rei (criados, acompanhantes, soldados), aos
remadores subordinados.

7 diakonos – alguém que executa os pedidos de outro, especialmente
de um mestre, um rei; servo, atendente; alguém que, em virtude do
oficio designado a ele pela igreja, cuida dos pobres e tem o dever de
distribuir o dinheiro coletado para uso deles; alguém que serve comida
e bebida.

8 leitourgos – alguém ocupado com coisas santas; assistente do templo,
da sinagoga.


(STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strog.
Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).




















5

Superando os
obstáculos no
ministério

Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, supor-
ta as aflições, faze o trabalho de um evangelista,
cumpre o teu ministério.

2 Timóteo 4.5


Vivemos numa sociedade permissiva, que prega
um cristianismo sem amor ao próximo e sem renún-
cia pessoal. Mas, diferente do que muitos ensinam
atualmente, Jesus nunca disse que segui-lo seria algo
fácil e confortável. Pelo contrário, sempre fez ques-
tão de mencionar o preço que pagariam aqueles que
desejavam segui-lo:
Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome sua cruz e siga-me.

Mateus 16.24

Não é o servo maior que o seu Senhor. Se eles
me perseguiram, também vos perseguirão. Se
guardaste a minha palavra, também guardarão a
vossa.

João 15.20

Foi o próprio Jesus quem alertou Seus discípulos
de que eles, como os profetas do antigo Testamento,
seriam rejeitados, injuriados e perseguidos por causa
da Palavra de Deus, mas deviam alegrar-se, porque
eram amados pelo Pai e seriam bem recompensados
no Reino dos Céus (Mt 5.10-12).

Superando a rejeição e a perseguição

Os exemplos bilbicos comprovam que o verda-
Deiro crente sofre perseguição por causa de sua fé,
Seu amor e sua fidelidade a Deus. Sendo assim, rejei-
ção e perseguição por parte dos homens são comuns
num ministério bem-sucedido aos olhos de Deus.

O profeta Jeremias era dedicado ao ministé-
rio. Consagrou sua vida a Deus, através do estudo
da Palavra, da oração e do testemunho. Ele tinha
profunda comunhão com Deus e compaixão pelos
pecadores, mas foi rejeitado por sua família e por seu
povo ao longo de todo seu ministério. Viveu sob o
constate pesadelo das ameaças de morte por anun-
ciar a Palavra de Deus. Foi amaldiçoado, perseguido
pelos conterrâneos de Ananote, traído por seus PA-
rentes e amigos. Foi acusado colaborar com os inimi-
gos de Israel, e chegou a ser espancado e preso, mas
sobreviveu a tudo isso como o Senhor lhe prometera
(ver Jr 11.18-12.6; 15.10; 18.18; 20.1,2,10;
26.1-24; 28; 36.5,26; 37.1 – 38.28; 39.11-18).

Como diagnosticou Jesus, um profeta não tem
honra em sua terra (Mt 13.57). os judeus rejeita-
ram e perseguiram Jeremias, porque ele não dizia o
que queriam ouvir. Falava o que precisava ser dito,
o que Deus lhe ordenava. Exortava os pecadores ao
arrependimento, em vez elogiá-los e profetizar pros-
peridade.

O ministério de Jeremias parecia um dos mais
ingratos, porque o profeta tentava ajudar quem não
queria sua ajuda, salvar quem não desejava ser salvo,
e Ra rejeitado e perseguido. Mas ele jamais se dei-
xou intimidar diante das oposições, pelo contrário,
elas o levaram a consagrar-se mais e a depender de
Deus. Jeremias continuou a pregar apesar de toda
oposição que enfrentou, e foi vitorioso.


Superando as frustrações pessoais

Tal como Jeremias, o escriba Baruque lutou com
desapontamentos profundos. Ele apoiara Jeremias
em uma missão que parecia não dar resultados
positivos, pois o povo não cria na pregação do pro-
feta, não se arrependia de seus pecados, e passou
a persegui-los. Isso seria suficiente para desanimar
qualquer um. O escriba não foi exceção.

Baruque arriscou a própria vida, ao associar-se a
Jeremias. Esperava que Judá se arrependesse, e sua
glória espiritual e nacional fosse restaurada. Se isto
ocorresse, ele e Jeremias poderiam desfrutar a satis-
facão de saber que tinham contribuído para o maior
avivamento na história da nação. Porém, com o
tempo, tornou-se claro que não haveria avivamento,
mas a destruição de Judá. Baruque corria o grave
perigo de afundar no poço da frustração e da auto-
piedade, mas Deus interviu, revelando por intermé-
dio de Jeremias que Ele conhecia a dor e as expectativas
do escriba, mas que as únicas coisas que lhe daria era
a vida e Sua proteção, a fim de que tivesse a oportu-
nidade de recomeçar em outro lugar.

Assim diz o Senhor, Deus de Israel, acerca de ti, ó
Baruque : Disseste: Ai de mim agora! Porque me
acrescentou o Senhor tristeza ao meu sofrimento;
estou cansado de meu gemer, e não acho descan-
so. Assim lhe dirás: Eis que estou demolindo o que
edifiquei, e arrancando o que plantei, e isto em toda
terra. E procuras tu grandezas? Não as procures;
porque eis que trarei mal sobre toda carne, diz o
senhor; a ti, porém, eu te darei a tua vida como
despojo em todo o lugar para onde fores.

Jeremias 45.2-5

Parece que Baruque queria ser recompensado
por sua contribuição à causa de Deus. Mas o Senhor
Admoestou-o a não buscar “grandezas” para si e para
Judá. Visto que a terra ia ser destruída, apenas a vida
do escriba seria poupada como prêmio por sua fide-
lidade.

É muito fácil confundirmos nosso desejo com a
vontade de Deus, e procurarmos na popularidade,
no prestígio, na prosperidade material indícios de
um ministério bem-sucedido. Mesmo os discípulos
de Jesus sonharam em ocupar posições de prestígio
no Reino de Deus, mas o Senhor advertiu-lhes que
quem deseja ser o maior deve colocar-se como o me-
nor, como servo de todos (Mc 10.35-45).

A lógica divina contraria a humana. Os pensa-
mentos e os caminhos do Senhor são mais altos do
que os nossos (Is 55.9). não sabemos como convém
pedir, mas Ele sabe como convém fazer (Rm 8.26).
Portanto, cabe a nós, como servos, apenas obedecer
a Sua Palavra e a Suas instruções, tendo o cuidado
de não misturar nossas ambições com os projetos
relacionados à Sua obra, pois isto pode gerar em nós
grandes desapontamentos e atrapalhar nossa vida
cristã e nosso ministério.


Superando o medo, o cansaço
e o desânimo

Não existe ministério bem-sucedido sem Perse-
verança, como não existe vitorias sem lutas. Jesus
foi claro: No mundo tereis aflições, mas tende bom âni-
mo, eu venci o mundo (Jo 16.33).

A maioria das lamentações de Jeremias revela o
Medo, o cansaço o desânimo e os conflitos internos
Que ele teve de superar para cumprir seu ministério
(Jr 1.6; 10.19-25; 11.18-12.6; 15.10-18; 17.14-18;
18.19-23; 20.7-12; 32.17-25).

Que perseguições você tem sofrido? Qual tem
sido a reação das pessoas ao seu ministério? Tem sido
inferior ao que esperava? Como isto tem afetado a
sua decisão de continuar no ministério? Você está
desanimado, decepcionado a abatido? Tem duvidado
de sua chamada e pensado em desistir, desobedecendo
à ordem de Deus para realizar a obra? Em quem você
tem buscado o encorajamento para o seu ministério?
Em um alto salário, nos elogios do povo ou no Deus
Todo-poderoso que o vocacionou?

Jeremias não baseou seu ministério na reação
negativa do povo à mensagem que ele pregava nem
na desaprovação dos lideres civis e eclesiásticos de
Judá. O ministério do profeta não estava respaldado
por homens ou por coisas materiais, e sim pela ver-
dadeira e imutável Palavra do Deus criador, fiel
e todo-poderoso. O encorajamento de Jeremias
vinha do próprio Deus, que o profeta conhecia porque
cultivara um relacionamento profundo com Ele,
através de uma vida de oração, de estudo das Escri-
turas e de obediência.

Ainda que no começo Jeremias tivesse dúvi-
das quanto à sua capacidade de atender a chamada
ministerial (Jr 1.6), depois, compreendeu que não

Falaria em seu próprio nome nem se basearia em seus
próprios talentos e em suas habilidades para conven-
cer seus ouvintes. Ele fora chamado por Deus para
anunciar a Sua Palavra. Devia, portanto, confiar
no amor e no poder do Senhor para sustentar seu
ministério e dar cumprimento às profecias.

Se você foi vocacionado por Deus para o minis-
tério, por que não atende ao Seu chamado? Por não
se achar eloqüente? Por não ter todas as respostas
para as perguntas das pessoas sobre Deus? Por achar-se
jovem demais? Por não ter os recursos financeiros
necessários? Por não contar com a aprovação de
alguém?

A única coisa de que você precisa ter certeza é
quanto à sua vocação, estudar a Palavra, cultivar
um relacionamento profundo com o Senhor e ficar
atento para obedecer às instruções dEle. Deus vai
capacitá-lo para obra e prover os recursos para você
desenvolver seu ministério. Foi assim com vários
ministros Seus na antiguidade. É assim conosco no
presente!

Se você já atendeu ao chamado, mas sente-se
desanimado diante de tantas lutas, deve lembrar que
o labor ministerial nem sempre produz resultados
imediatos. Você deve perseverar como fez Jeremias,
o apostolo Paulo e tantos outros servos de Deus que
não mediram esforços para cumprir a vontade de
se Senhor. Muitos deles não viveram o suficiente
para ver todos os resultados de seu trabalho e dedi-
cação ao ministério, mas certamente, um dia verão
e serão galardoados por tudo que fizeram.

Você deve ficar feliz por saber que seu nome
está escrito no livro da vida (Lc 10.20) e fazer de
seu amor a Deus a ao próximo a sua motivação para
prosseguir fazendo a obra que lhe foi confiada, tendo
a certeza de que seu trabalho não é vão no Senhor.
Deve fazer como Davi que, estando muito angus-
tiado por causa de tantas perdas e da incompreensão
de seu povo, reanimou-se no seu Deus e foi à luta
(1 Sm 30.6). Deve buscar em Cristo a renovação das
suas forças e a orientação para seu ministério. Ele é
a fonte de vida, de alegria e do amor genuíno! É o
maior exemplo a ser seguido por nós!

Sempre haverá a tentação de medir o sucesso
ministerial pelo número de pessoas que levantam
a mão para aceitar Jesus como Salvador, após uma
pregação entusiasmada, pelo número de membros
da igreja, pelo valor das ofertas arrecadadas para a
obra de Deus ou pela fama que se adquiriu com os
milagres que Deus realizou através de um ministério.
A marca do sucesso do verdadeiro cristão é sua fide-
lidade ao Senhor mesmo diante das maiores opo-
sições. Não é a quantidade, é a qualidade do fruto
que o crente produz (Pv 11.30; Mt 3.8; 7.17; 12.33;
Jo 15.2; Gl 5.22).

Todos somos importantes como membros do
Corpo espiritual de Cristo. Deus confiou a cada um
de nós uma função para benefício mútuo e engran-
decimento desse Corpo, que é a Igreja, por isto de-
vemos exercer nosso ministério com amor e submis-
são a Cristo, a cabeça do Corpo.

Descubra o dom que recebeu e o use de acordo
Com a graça de Deus.

Se o dom que recebemos é o de anunciar a men-
sagem de Deus, façamos isso de acordo com a fé
que temos. Se é o de servir, então devemos
servir; se é o de ensinar, então ensinemos; se é o
dom de animar os outros, então animemos. Quem
reparte com os outros o que tem, que faça isso
com generosidade. Quem tem autoridade, que
use a sua autoridade com todo o cuidado. Quem
ajuda os outros, que ajude com alegria.

Que o amor de vocês não seja fingido. Odeiem o
mal e sigam o que é bom. Amem uns aos outros
com o amor de irmãos em Cristo e se esforcem
para tratar uns aos outros com respeito. Traba-
lhem com entusiasmo e não sejam preguiçosos.
Sirvam o Senhor com o coração cheio de fervor.
Que a esperança que vocês têm os mantenha ale-
gres; agüentem com paciência os sofrimentos e
orem sempre.


Romanos 12.4-12 NTLH


Deus o chamou? Revelou-lhe qual é a sua função
no Corpo de Cristo? Então, obedeça-lhe! Utilize os
recursos que Ele colocou à sua disposição e dedique-
se à obra que lhe foi confiada. Continue a amar a
Deus, a buscá-lo em oração, a estudar, a ensinar e
a divulgar as boas novas de salvação seja qual for
o seu ministério. não desperdice as oportunidades
quem tem! Continue a exercer seu ministério apesar
dos problemas, e verá a gloria de Deus!

Que você possa seguir o exemplo de ministros
de Deus como o profeta Jeremias e o apóstolo Paulo,
que perseveraram até o fim em servir a Deus. Quem
sabe você também poderá dar um testemunho de
seu amor a Deus e dos elementos indispensáveis que
usou em seu ministério? Quem sabe você também
poderá dizer:

E nós, na qualidade de cooperadores com ele
[Jesus], também vos exortamos a que não recebais
em vão a graça de Deus [...] e não dando nós
nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para
que o ministério não seja censurado. Pelo con-
trário, recomendando-nos a nós mesmos como
ministros de Deus; na muita paciência, nas afli-
ções, nas privações, nas angustias, nos açoites,
nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigi-
lias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longani-
midade, na bondade, no Espírito Santo, no amor
não fingido, na palavra da verdade, no poder de
Deus; pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer
defensivas; por honra e por desonra, por infâmia
e por boa forma; como enganadores, e sendo ver-
dadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem
conhecidos; como se estivéssemos morrendo e,
Contudo, eis que vivemos; como castigados, porém
não mortos: entristecidos, mas sempre alegres;
pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo,
mas possuindo tudo.

2 Coríntios 6.1,3-10


Que o Senhor o abençoe e faça resplandecer o
Seu rosto sobre você e sobre o seu ministério! Esta é
a minha oração em nome de Jesus.
Bibliografia

BIBLIA ON LINE. Trad. João Ferreira de Almeida.
São Paulo: SBB, 2005.

DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO
ANTIGO TESTAMENTO. Org. R. Laird Harris e
outros. Trad. Marcio L. Redondo e outros. São
Paulo: Vida nova, 1998.

MINIDICIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA AURÉLIO.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Org.
Marina B. Ferreira e outros. 3 ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993.

Obreiro. Rio de Janeiro: CPAD, set/1999,
P 45,47.

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