sábado, 20 de novembro de 2010

Justiça no Livro de Genesis

Como o Espírito de Deus introduz este assunto na Bíblia. Originalmente publicado nos primeiros números da revista "O Caminho". Sem dúvida, a justiça é um tema principal da Bíblia inteira. Vamos ver outra vez como o Espírito de Deus introduz um importante assunto bíblico neste primeiro livro da “Biblioteca Divina”, mostrando todos os aspectos essenciais do mesmo. Em o Novo Testamento é a Epístola aos Romanos que expõe plenamente o assunto de justiça. Como é impressionante, pois, que as quatro referências à justiça no livro de Gênesis correspondem perfeitamente às quatro divisões principais da epístola aos Romanos. Frente a tais fenômenos, como podemos duvidar que toda a Escritura é divinamente inspirada?

Veja as referências então:

I — Gên. 15:6 — Romanos 1 a 5: A Justiça de Deus Imputada ao Homem;
II — Gên. 18:19 — Romanos 6 a 8: A Justiça no Homem Produzida por Deus;
III — Gên. 18:25 — Romanos 9 a 11: A Justiça de Deus ao Tratar com os Homens;
IV — Gên. 30:33 — Romanos 12 a 16: A Justiça de Homens, já Justificados por Deus, ao Tratar com outros Homens.

I — (Gn 15:6) -”E creu ele (Abraão) no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça”; . É a primeira menção de justiça na Bíblia — e não é justiça humana, nem a justiça que o homem deve praticar, e sim a justiça divina imputada pela graça de Deus ao homem que crê na Sua palavra. Na primeira parte da epístola aos Romanos, tendo mostrado (Rm 1:18 a 3:20) que o homem não possui justiça própria [ nem o gentio (1) - nem o judeu (2) ], e que “por isso nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei” (Rm 3:20), Paulo afirma: “Mas agora se manifesta a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas”.

Em Romanos 4 encontramos estas duas testemunhas: os profetas, com o testemunho de Davi (4:6-8), e a lei, com o exemplo de Abraão (4:1-5 e 4:9-23). De fato, a maior parte de Romanos 4 é uma exposição de Gn 15:6. Paulo mostra:

1) que justificação é pela graça de Deus e não pelas obras de homens ímpios (1-5);
2) que é pela fé e não tem nada a ver com circuncisão (9-12);
3) que é segundo a promessa de Deus e não pela lei (13-22);
4) que a justiça será imputada a nós também se crermos “nAquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor” (4:23 a 5:11).

Assim temos, nesta primeira referência, a justiça de Deus imputada ao homem.

II — (Gn 18:19) — Diz Deus: “Porque Eu o conheço (a Abraão), que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para obrarem com justiça e juízo.” A justificação perante Deus é sem obras, porém sempre produz obras de justiça. Foi assim no caso de Abraão (Tg 2:21-23), que não somente praticou a justiça mas também ensinou todos de sua casa a fazerem o mesmo. As boas obras não são a condição de justificação, mas sempre e invariavelmente são o resultado.

É exatamente isto que Paulo nos ensina em Romanos 6 a 8. Depois de fazer a pergunta:

“Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” (Rm 6:1), e responder: “De modo nenhum”, ele mostra porque não devemos continuar no pecado:

1) por causa da morte de Cristo (Rm 6:6; 8:3,4);
2) por causa da ressurreição de Cristo (Rm 6:9,13; 7:4);
3) por causa do dom do Espírito Santo (Rm 8:4-14).

O batismo simboliza esta grande mudança: fomos crucificados com Cristo, ressuscitamos com Ele, e Seu Espírito, habitando em nós, dá-nos o poder para andar “em novidade de vida” (Rm 6:3-6): a justiça no homem produzida por Deus.

III — (Gn 18:25) — No mesmo capítulo de Gênesis encontramos a terceira referência à justiça. Esta vez é a justiça de Deus em todos os Seus tratos com os homens: “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Abraão baseia sua intercessão em favor dos justos entre os habitantes de Sodoma e Gomorra neste fato da justiça de Deus — não no Seu amor, e sim, no fato de Ele ser o Justo Juiz. Este justo (justificado pela fé e, conseqüentemente, justo na sua vida) conhecia a seu Deus, e é essencial orar assim, de acordo com a nossa compreensão da natureza divina.

Em Romanos 9 a 11 Paulo também está desejando a salvação de seu povo (9:1-3 e 10:1), mas reconhece, e claramente expõe, nestes três capítulos, a justiça do soberano Deus em todos os seus tratos tanto com os judeus quanto com as outras nações:

1) Romanos 9: a justiça de Deus no passado em eleição — Ele é totalmente soberano;
2) Romanos 10: a justiça de Deus no presente em salvação — Ele é divinamente longânimo (21);
3) Romanos 11: a justiça de Deus no futuro na restauração de Israel — Ele é sempre fiel.

No fim de sua carreira Moisés ensinou os israelitas a louvar este Justo Juiz dizendo: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os Seus caminhos juízo são. Deus é a verdade, e não há nEle injustiça; justo e reto é” (Dt 32:4). Vamos louvá-o também, contemplando a justiça de Deus ao tratar com os homens.

IV — (Gn 30:33) -”Assim testificará por mim a minha justiça no dia de amanhã…” Jacó sofreu muita injustiça da parte de seu sogro Labão, mas sempre deixou seu caso com Deus, sendo submisso a seu patrão e servindo fielmente apesar das privações. Aqui nós temos uma linda ilustração do espírito de submissão a Deus (e a toda autoridade ordenada por Ele), e mansidão para com os homens, que Paulo recomenda em Romanos 12 a 16.

O resultado de justificação pela fé não é como o orgulho e hipocrisia dos fariseus, que eram somente exteriormente justos, mas com amor fraternal não fingido, e preferindo-se em honra uns aos outros (Rm 12:10-11), os verdadeiros justos revestem-se do Senhor Jesus (Rm 13:14) e, “concordes, a uma boca”, glorificam “ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15:6). Assim será manifestada a justiça de homens, já justificados por Deus, ao tratar com outros homens.

Talvez o leitor gostaria de considerar também as seguintes referências onde a palavra justo ocorre no livro de Gênesis. No caso de Noé, Hb 11:7 mostra que ele se tornou justo pelo mesmo meio que Abraão: “Pela fé Noé … foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé”. Gn 6:9 (Noé, em suas gerações); 7:1 (diante de Deus); 18:23-28 (5 vezes — são dignos de intercessão); 20:4 (de uma nação, em relação a um determinado pecado. A Atualizada tem “inocente”); 38:26 (relativamente — um pecador mais justo que outro).




T. J. Blackman

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